Um bate-papo com uma das mulheres do vinho da Itália

Ao lado do irmão Antonio, Josè está à frente Cantina Donnafugata, uma das mais renomadas da Sicília e que está dando destaque a esta região mundo a fora com a qualidade e diversidade de seus vinhos.

Eu admiro muitas mulheres do segmento do vinho em diversas partes do mundo. Passando essa temporada aqui na Itália, tive a oportunidade de conhecer melhor o trabalho de Josè Rallo (foto acima), uma siciliana que tem um sorriso encantador e uma energia contagiante. Além disso, é um doce de pessoa, além de muito talentosa. Ao lado do irmão Antonio, ela está à frente Cantina Donnafugata, uma das mais renomadas da Sicília e que está dando destaque a esta região mundo a fora com a qualidade e diversidade de seus vinhos. Ah, e ela é cantora também, e ama música brasileira! Eu fiz uma entrevista com ela durante um evento em Taormina, na Sicília. Confira abaixo alguns trechos do material publicado no site da revista Bon Vivant:

Hoje você é uma das mulheres mais influentes do vinho italiano. Como nasceu a tua paixão pelo vinho?Josè: Eu nasci em meio aos vinhedos e vinhos. Eu lembro que quando eu era criança pegava a bicicleta e seguia os pequenos caminhões que levavam a uva para as vinícolas durante a vindima. Ia para o vinhedo colher uvas – lembro que depois de dois ou três cachos já estávamos cansados (risos). Depois, pouco a pouco, fui cultivando o meu amor pelo vinho através da realização de diversos cursos de sommelier em escolas inglesas, italianas e francesas com o objetivo de entender como cada um desses mundos fala sobre o vinho. Eu também sempre degustei muitos vinhos porque é um mundo infinito, o aprendizado é infinito. E nesse processo fui me apaixonando e envolvendo outras pessoas. Por exemplo, o marido não bebia vinho e eu o convenci. E tenho certeza que ele se apaixonou pelo nosso passito di Panteleria, o Ben Ryè. Meu marido hoje é um grande fã da Cantina Donnafugata, mas, sobretudo, me diz sempre que é muito feliz que eu trabalhe com vinhos.

Você tem formação na área da Economia e Comércio. Já atuou em diferentes empresas. Quando você começou a trabalhar na vinícola da família, quais eram teus propósitos?

Josè: Eu entrei na vinícola com 26 anos, em 1990. Antes disso eu havia feito três anos de experiência em outras vinícolas. Isso porque o meu pai sempre me dizia: tu deves iniciar da base e assim, pouco a pouco, as pessoas percebem que você começou pela base e irão te respeitar. Meu pai sempre me deixou livre para implementar os meus projetos dentro da vinícola. Por exemplo: eu havia trabalhado em uma empresa de informática e depois transferi todo esse conhecimento par a reorganização deste setor dentro da nossa empresa. Meu propósito era implementar mudanças na empresa sem tirar a sua essência. Hoje a nossa vinícola cultiva quase 500 hectares de vinhedo e o propósito é de dar atenção aos diferentes territórios, harmonizando o vinhedo, com o terreno e o microclima. Queremos, com isso, exaltar o território ‘Sicília do vinho’.

Como nasceu a sua paixão pela música e, principalmente, pela música brasileira?

Josè: A música é uma paixão muito antiga. Quando eu era criança, em Marsala, eu cantava no coral da escola e da igreja. E muitas vezes eu fazia a solista. Quando iniciei na universidade entrei para um coral com 80 vozes, e isso pra mim foi muito importante. Aprendi muito. No último ano de universidade encontrei um siciliano e nos apaixonamos. Ele era um aficionado por música brasileira. Havia conhecido este estilo através de um amigo que explicou que ele, como persusionista, deveria ouvir o estilo de música do Brasil. Ele ouviu e logo se apaixonou pela batida. Como na época eu trabalhava em Roma e ele em Palermo, ele me enviava as coleções de música brasileira. Como eu também amava a música comecei a estudar essas canções e as letras. Acabei gostando.  Depois de três anos eu voltei para Marsala e formamos uma banda de jazz para tocar para os amigos. E eu no vocal (risos). A banda foi ganhando forma, fizemos diversas apresentações e assim eu tive a ideia de unir a música com o vinho. Fazia, por exemplo, a harmonização de um Samba com um vinho branco, que é fresco e vivaz. Ou uma Bossa Nova com um branco mais encorpado, com uma ligeira passagem por barrica, ou um jazz para um tinto mais importante. Foram eventos muito bonitos e que sempre fizera muito sucesso.

Nos explique um pouco mais sobre o projeto Donnafugata Music & Wine?

Josè: Donnafugata Music & Wine nasceu e 2002 justamente porque éramos eu e meu marido (Vincenzo Favara) apaixonados por música brasileira. É uma experiência multissensorial que harmoniza a música do Brasil com os vinhos Donnafugata durante uma degustação. O projeto já conta com três álbuns (2004, 2007 e 2020) e já fizemos shows em diversos países. Ainda devo organizar um evento assim no Brasil (risos). É possível ouvir as canções no Spotify como Music&Wine.

Leia a entrevista completa clicando AQUI

Andreia Debon

Jornalista/Autora

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