Sagrantino di Montefalco: o vinho tinto mais imponente da Umbria

Fui até a Umbria, especificamente na pequena Montefalco (localizada a 30km de Assis, cidade bem conhecida pelos brasileiros) para conhecer o tinto mais importante daquele território e um dos vinhos que tem chamado atenção tanto na Itália quanto em outros países. Se chama Sagrantino di Montefalco DOCG, conhecido também como um dos vinhos mais tânicos do mundo!

O coração da Itália esconde uma joia bela e discreta. É a Umbria, uma região rica de belezas naturais, abraçada pelas montanhas e pontilhada por lugarejos medievais. Uma paisagem desenhada por intermináveis olivais, intercalados por belos vinhedos. A Umbria é também um recanto onde se respira arte e cultura. E, como não poderia deixar de ser, é uma terra que nos brinda com vinhos de excelência e uma rica gastronomia.

Fui até a Umbria, especificamente na pequena Montefalco (localizada a 30km de Assis, cidade bem conhecida pelos brasileiros) para conhecer o tinto mais importante daquele território e um dos vinhos que tem chamado atenção tanto na Itália quanto em outros países. Se chama Sagrantino di Montefalco DOCG, conhecido também como um dos vinhos mais tânicos do mundo!

Sagrantino é uma variedade tânica e de amadurecimento tardio. É nativa de Montefalco e arredores. Há diversas versões sobre a sua origem. A primeira diz que teria surgido na Ásia Menor e trazida para a Itália por monges que retornavam da Terra Santa. A segunda afirma que a cepa já existia desde os tempos dos romanos e teria sido mencionada por Plínio, o Velho, no século I.

O nome nos lembra “sagrado”, o que pode significar que ele era usado em celebrações religiosas. De qualquer forma, a uva Sagrantino está presente em Montefalco há centenas de anos, sendo usada, primeiramente, para elaborar vinhos doces, os passitos, e depois para a versão seca. A maior parte dos vinhedos desta uva estão localizados em Montefalco, Bevagna, Gualdo Cattaneo e Castel Ritaldi, província de Peruggia.

O Sagrantino di Montefalco DOCG é um vinho encorpado, potente, gastronômico. Há alguns anos era reconhecido como extremamente tânico, difícil de apreciar. Mas, ano após ano, o vinho foi mudando a sua cara. Não deixou de ser estruturado e com alto grau de tanicidade, porém com as novas tecnologias e cuidados na hora da vinificação e amadurecimento do vinho, os produtores têm conseguido “dominar” os taninos e apresentar ao mercado vinhos mais elegantes que agradam a mais paladares.  Mas, isso não quer dizer que o vinho deixou de ter os taninos como protagonistas, eles apenas se harmonizam com os aromas e sabores da fruta. Essa mudança fez com que o vinho ampliasse sua visibilidade, tanto no mercado italiano quanto no restante do mundo. Sua certificação DOCG veio em 1992, antes era uma DOC reconhecida ainda em 1979.

A versão doce do Sagrantino, a exemplo do seco, é elaborada 100% com a uva que dá nome ao vinho. É um produto delicado e harmônico.  Além do Sagrantino di Montefalco, na região também é possível degustar outro tinto chamado Rosso Montefalco, que é uma assemblage das uvas Sagrantino e Sangiovese (a uva destaque da Toscana). Algumas vinícolas também utilizam no corte a Merlot. Há, também, o Montefalco Bianco, cuja a uva protagonista se chama Trebbiano Spoletino; e o Grechetto, que é uma das variedades brancas mais cultivadas na Umbria.

Sobre o clima

Localizada na parte central da Itália, a Umbria faz fronteira com outra área vinícola muito prestigiada, a Toscana. Com terrenos colinosos, o clima da região é ameno e ensolarado, com invernos brandos, verões quentes e chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Esse conjunto de características proporciona condições excelentes para que as uvas alcancem o tempo ideal de amadurecimento.

Montefalco Sagrantino DOCG

Vinho estruturado, com alta presença de polifenóis e taninos, além de potencial de guarda. Antes de ir para o mercado o vinho deve amadurecer pelo menos 33 meses, 12 desses em barricas e pelo menos quatro meses em garrafa.

Montefalco Sagrantino Passito DOCG

Para a elaboração deste vinho são escolhidos os melhores cachos. Esses são deixamos por pelo menos 12 meses em um ambiente ventilado para fazer o processo de apassimento dos mesmos. Depois ele é vinificado deixando as cascas da uva, conseguindo, com isso, um passito com um leve toque tânico.

Montefalco Doc

Branco: destaque para a uva Trebbiano Spoletino, uva autóctone. Para a DOC deve-se utilizar % da uva Trebbiano Spoletino e % de outras uvas brancas.

Tinto: a uva principal da DOC é a Sangiovese. Deve-se utilizar pelo menos 60% dela e entre 10 a 25% de Sagrantino e até 25% de outras uvas, como a Merlot, por exemplo. Deve amadurecer pelo menos 18 meses antes de chegar ao mercado. A versão reserva deve ter no mínimo 30 meses de afinamento em barrica.

Andreia Debon

Jornalista/Autora

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