Vinhos brancos italianos: conheça a região do Collio, no Friuli

Você já ouviu falar dos vinhos brancos elaborados no território do Collio, no Friuli Venezia Giulia, na Itália? Eu tenho certeza de que poucas pessoas que estão lendo este texto já tiveram a oportunidade de degustar esses vinhos únicos.

Você já ouviu falar dos vinhos brancos elaborados no território do Collio, no Friuli Venezia Giulia, na Itália? Eu tenho certeza de que poucas pessoas que estão lendo este texto já tiveram a oportunidade de degustar esses vinhos únicos. O problema é que não é uma região muito buscada pelos brasileiros para fazer enoturismo, além disso, são vinhos menos conhecidos e, consequentemente, há menos procura por parte dos importadores do Brasil. Mas eu garanto a você que vale muito a pena você provar quando tiver a oportunidade! O lugar é lindo, dá para percorrer de bicicleta, há muita natureza. Os salames e prosciuttos são maravilhosos. Além disso, há belas cidades que valem a pena visitar e fazer um aperitivo!

Conheci o território do Collio por acaso, em 2014. Vim para a Itália para fazer a cobertura de uma feira de gelatos bem famosa e que aconteceria no Norte do país. Mas, pensei comigo, vou aproveitar essa viagem e conhecer algum território vitivinícola. E assim o fiz. Por indicação de uma amiga, fui para o Friuli, já que era pertinho de onde eu estava. Ela me comentou, na ocasião, que eu deveria degustar os vinhos brancos no território conhecido como Collio. Aceitei e por três girei algumas vinícolas da região localizada no nordeste da Itália, fronteira com a Eslovênia. Foi incrível e de lá para cá já fiz até masterclass no Brasil sobre esses brancos fascinantes!

No início de março de 2022, já morando na Itália, voltei para o Collio (cuja denominação de origem é datada de 1968) para participar de uma degustação de mais de 60 vinhos de diferentes vinícolas. Fui convidada pelo jornalista holandês Paul Balke, que na ocasião estava produzindo um encarete especial para a revista a qual trabalhava. E novamente me encantei por esses brancos tão especiais e que, com certeza, fazem com que a Itália se orgulhe também desse estilo de vinho. Lembro que em 2014 a variedade Ribolla Gialla tinha me chamado a atenção pela sua história milenar e por exprimir muitas das características do território.

De volta a este terroir oito anos depois, fiquei ainda mais impressionada de como os brancos se dão bem nesta terra. E a Ribola que lá em 2014 estava no topo das minhas preferências, agora caiu algumas posições. Em primeiro lugar está, agora, o Collio Bianco, uma assemblage de Ribolla, Malvasia e Friulano (na grande maioria das vezes, visto que alguns produtores também inserem outras cepas para fazer o corte).

Mas, por que este vinho me encantou tanto? Além de ter muita personalidade, tem aromas delicados. Em boca é harmônico, vivaz e muito fresco. Um produto que expressa bem o seu território.

Além do Collio Bianco, outro vinho que na primeira vez que visitei a região não tinha me chamado a atenção e agora sim foi o Friulano. É uma cepa autóctone, por isso também apresenta-se como um excelente representante deste terroir. Assim com o blend, seus aromas também são delicados, porém em boca tem uma presença mais marcante. Outras cepas, como Pinot Griggiio, Chardonnay, Müller Thurgau, Riesling e Sauvignon Branc, também são cultivadas.  Há, também há excelentes tintos, como Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Merlot.  

Mas, o que faz do Collio uma região tão rica para vinhos brancos? São as características únicas proporcionadas pelo terroir, que incluem alta mineralidade e longevidade. O clima ameno que caracteriza esta faixa de terra é influenciado pelas correntes quentes do Mar Adriático, que mantêm as uvas secas, e o escudo protetor das montanhas ao norte, que protege dos ventos frios. Os verões são quentes e secos. O inverno é frio e bastante chuvoso e o solo é arenito. Todas essas características de terroir proporcionam vinhos com excelentes índices de mineralidade e salinidade. Vinho elegantes, complexos e com um longo final de boca.

A área DOC Collio se estende por uma superfície de 1.500 hectares, localizados em oito dos 25 municípios que fazem parte da província de Gorizia. São eles: Capriva, Cormòns, Dolegna del Collio, Farra d’Isonzo, Gorizia, Mossa, San Floriano del Collio e San Lorenzo Isontino. São cerca de 300 produtores de uvas e vinhos, cada qual com quatro hectares cada, em média.

As três principais variedades com as quais se elabora o Collio Bianco

Malvasia: é cultivada há séculos no Collio, onde encontrou seu habitat ideal. É uma variedade caracterizada por um amarelo palha claro, com reflexos esverdeados e perfumes de frutas exóticas. No paladar é fresco, vivaz e tem um bom corpo.

Ribolla Gialla: é a variedade autóctona mais antiga da região, tendo centenas de anos. Os primeiros documentos que atestam o cultivo dessa cepa são do ano de 1300. Sua coloração é amarelo dourado e seus perfumes são intensos e elegantes. Pode ser vinificada também em carvalho.

Friulano: é um dos mais famosose renomados vinhos desta região. Até 2007 o friulano era conhecido com Tocai Friulano. Precisou mudar de nome deviso a legislações. Sua cor é amarelo com reflexos verdes e uma aroma fresco vegetal. O sabor enche a boca, seu corpo é harmônico. No Collio este vinho é usado como aperitivo. 

Seleção Bon Vivant – por Andreia Debon*

Ribola Gialla

Primosic – San Floriano, safra 2018

Friulano

Ronco dei Tassi, safra 2020

Blazic, safra 2020

Renato Keber, safra 2015

Malvasia

Bracco, safra 2020

Vosca, safra 2020

Terre del Faet, safra 2020

Miklus – Draga, safra 2018

Pinot Bianco

Villa Russiz, safra 2019

Renato Keber, safra 2015

Pinot Griggio

Marco Felluga Mongris, safra 2021

Sauvignon Blanc

Borgo Conventi, safra 2020

Zorzan, safra 2020

Komlanc, safra 2020

Russiz Superiore, safra 2020

Collio Bianco

Cantina Muzic, safra 2019

Borgo Conventi, safra 2019

Cantina Angoris, safra 2019

Azienda Vinicola Roncus, safra 2019

Fernando Pighin & Figli, safra 2018

Vini Pascolo, safra 2017

Renato keber, safra 2017

Primosic, safra 2016

*Muitos desses vinhos não estão presentes no Brasil, ainda.

Andreia Debon

Jornalista/Autora

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