
Se você é amante de vinhos tintos italianos certamente já ouvir falar do vinho Brunello di Montalcino. Ele é elaborado com a uva Sangiovese em Montalcino, um lugarejo italiano que tem pouco mais de cinco mil habitantes. Mas a Sangiovese usada em Montalcino é um clone diferente da utilizada em outras áreas vitícolas. A diferença está na pele, muito rica em antocianinas, por isso mais grossa. O clima também colabora. Em comparação com outras áreas da região central da Itália onde é cultivado Sangiovese, Montalcino tem um clima ideal que não é encontrado em outros lugares. Na verdade, é quente o suficiente para a produção de uvas perfeitamente maduras, mas não tão quente para encurtar o ciclo vegetativo.

Todos os anos o Consórcio dos produtores do vinho Brunello organizam um evento chamado Benvenuto Brunello. É um evento que reúne os principais jornalistas do vinho de diversos países, e neste ano estive entre esses profissionais com muita satisfação – sendo a única brasileira! Durante esses três dias estiveram em evidência cerca de 250 amostras de vinhos (Brunello, Brunello Riserva e Rosso di Montalcino) de cerca de 118 vinícola diferentes (todas integrantes da associação).Depois das safras 2017 e 2018, ambas que, seja pelo calor ou pela chuva e frio fora de época, não foram consideradas especiais, a safra 2019 chega para andar lado a lado com a vindima 2015, considerada uma das melhores dos últimos anos.
Certamente a 2019 não será lembrada como uma safra inesquecível, mas como excelente. Vinhos elegantes, harmônicos, equilibrados, com expressão aromática intensa e taninos de qualidade – com exceção de um ou outro vinho. Todas essas características positivas se devem ao fato de que nos meses decisivos da vindima, isto é, de junho a agosto, não foram registrados fenômenos extremos (granizo, geadas tardias, excesso de chuva ou tempo extremamente seco, esses sempre mais frequentes e que tem prejudicado muito a vitivinicultura mundial). Isso fez com que a uva obtivesse uma maturação lenta e completa.

Outro ponto a destacar é a mudança no estilo de Brunello que chega ao mercado. Tendo a oportunidade de degustar dezenas e dezenas de Brunellos percebe-se que cada vez mais produtores estão buscando levar ao consumidor vinhos mais fáceis, leves, frescos, mesmo que, muitas vezes, o grau alcoólico não coopere tanto para isso. E os resultados, em boa parte dos casos, são positivos e, com certeza, agradará aos paladares mais exigentes e aos críticos de Brunello. Todos os anos são elaboradas cerca de 9 milhões de garrafas de Brunello. São 3200 hectares de vinhedos inscritos na DOC e DOCG. Desses, 2100 são destinados para a elaboração deste vinho ícone cujas vendas não param de crescer. De 2002 para 2023 o consórcio registrou um aumento de 17% nas vendas. O Brasil é um dos mercados alvo, principalmente porque os brasileiros, ao lado dos americanos e canadenses, são os que mais fazem enoturismo no território.
Selecionei 7 Brunello di Montalcino* que eu adorei e que é possível comprar no Brasil: Lá no site da Bom Vivant tem uma lista com os 20 mais pontuados.
- Canalicchio di Sopra (Importadora Gran Cru)
- Caparzo (Barrinhas Importadora)
- Casanova di Neri (Importadora Wine Face)
- Castelllo Romitório, Filo di Seta (Rede Angeloni, Divvino)
- Fattoria dei Barbi, Vigna dell Fiore (Interfood Importadora)
- Mastrojani, Vigna Loreto (Domno Wines, Famiglia Valduga)
- Poggio di Sotto (Importadota Italy)
*Ordem alfabética.
Regras da produção do Brunello di Montalcino
O Brunello di Montalcino só pode ser elaborado em Montalcino com a uva Sangiovese do clone denominado Brunello. O produtor não pode colher mais do que oito toneladas de uva por hectare. O vinho deve permanecer no mínimo dois anos em barris grande de carvalho e no mínimo quatro meses de afinamento na garrafa (para o Riserva no mínimo 6 meses). O lançamento só pode ocorrer depois de cinco anos da colheita (seis anos para o Riserva).
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